Você já ouviu falar sobre plantabilidade? Atualmente em evidência, este assunto já vem sendo tratado desde a antiguidade, de onde vem o ditado popular ‘se nascer bem-nascido já é meia colheita’.

A explicação é do especialista em plantabilidade Marcos Haerter, associado da Unitec. Ele ressalta que muitos ainda não conseguem entender a real importância da operação. “Nada é capaz de reverter um plantio mal feito. E somente com uma plantabilidade perfeita podemos expressar todo o potencial produtivo das culturas, sejam elas milho, soja, trigo ou qualquer outra.”

Segundo Haerter, para melhorar o entendimento sobre plantabilidade, é preciso entender o que de fato uma semente precisa para germinar e emergir com todo o seu vigor. “Para tanto, podemos citar as sábias palavras do nosso amigo e saudoso Dirceu Gassen: ‘Nós devemos pensar como planta, devemos entender as plantas’.”

Logo, partindo deste princípio, o profissional diz que é importante lembrar que, para uma boa plantabilidade, a lavoura deve ser dessecada com no mínimo 30 dias de antecedência, pois, ao contrário do que se imagina, as raízes das culturas antecedentes, quando verdes e integras, são extremamente compactantes, deixando o solo com muitos torrões e bolsas de ar, o que é muito prejudicial para a emergência das plantas, que muitas vezes gastam muita energia e vigor para poder emergir.

“Outro ponto importante é a distribuição da palhada na colheita das culturas antecessoras, pois um solo descoberto de proteção de palha pode chegar até os incríveis 72°C de calor, o que compromete qualquer forma de emergência e permanência de uma nova planta. Mas, por outo lado, onde temos o acumulo de palhada, existe o problema de envelopamento, pois o sistema de corte da palhada das semeadoras não é capaz de o fazer, e deixando as sementes envolto de palha não se consegue contato suficiente com o solo. Além de que, podemos ter o problema de embuchamento, o que compromete a qualidade e o rendimento operacional”, destaca Haerter.

Para a instalação de uma lavoura de alta produtividade, ele ressalta que o produtor rural não pode esquecer da qualidade das sementes, que devem possuir alta germinação e vigor; o ideal é que seja a cima de 90ºC. Onde o “vigor” é o item de maior importância, pois é ele que garante a energia necessária para a emergência de plantas fortes e vigorosas.

Sobre a atividade de operação da semeadora, o profissional afirma que é importante, primeiramente, abordar sobre as revisões preventivas e necessárias para um plantio ‘na calma’, pois a velocidade ideal de plantio não deve ser superior a 5 km/h (cinco quilômetros por hora), pois tanto as semeadoras mecânicas ou pneumáticas precisam cortar a palhada, abrir o sulco, depositar a semente, fechar o sulco e tirar as bolsas de ar de quase 1.5 m/s (um metro e meio por segundo).

“Considerando que se esteja largando 15 sementes por metros de uma determinada variedade, a mesma terá que disparar quase 23 sementes por segundo, totalizando quase 1400 sementes por minuto e mais de 80.000 sementes por hora por linha”, calcula.

Ele ainda salienta que, para conseguir altas produtividades, é necessária uma emergência em tempo único, ou seja, que todas as plantas emerjam na mesma hora, ou melhor, no mesmo minuto, para evitar o problema de plantas dominadas, que mais atrapalham do que ajudam na produtividade.

Haerter, que também é instrutor do Senar-RS na área de mecanização agrícola e produtor rural, revela que, nos últimos dez anos, as variedades de soja tiveram um acréscimo de 100% na capacidade produtiva, mas tiveram uma redução de 20% no ciclo, pois reduziram de 150 dias, em média, para 120 dias. Além disso também reduziram em 40% a área folhar e o volume de raízes em 27%. Assim, o poder de compensação das variedades está muito pequeno, ou quase zero.

“E para podermos usufruir dos ganhos de produtividade que a genética proporciona, precisamos melhorar muito a nossa qualidade de plantio, pois números do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) nos mostram que as perdas de produtividade por problemas hídricos estão em torno de 10 a 12%, mas as perdas de produtividade por problemas de manejo, e em especial o plantio, passam de 30%. E é aí que vale o que comentei no início: nada substitui um plantio mal feito”, finaliza.
 

Texto: Assessoria de comunicação Unitec
Jaqueline Peripolli / Jornalista MTE 16.999
Foto: Divulgação