A seleção do sexo na concepção, ou seja, a produção direcionada de machos ou fêmeas, chegou ao Brasil em 2004, se tornando comercialmente disponível em 2006.
Milhões de doses de sêmen sexado já foram produzidos e as empresas têm garantido aproximadamente 90% a 95% de eficácia do produto. Entretanto, seu uso foi intensificado nos últimos anos, segundo a médica veterinária Rosecler Lang, associada da Unitec.
Ela explica que o sêmen sexado consiste no manejo de um volume espermático do qual é retirado o cromossomo X ou Y, o qual define o sexo do animal (descendentes machos ou fêmeas), atendendo ao interesse do produtor.
“O método mais utilizado para separação atualmente é por citômetro de fluxo. A técnica consiste em separar os espermatozoides baseado na diferença de conteúdo de DNA dos cromossomos X e Y (o cromossomo bovino X contém 3,8% mais DNA do que o cromossomo Y). Os espermatozoides são submetidos a um corante fluorescente que adere ao DNA. Em seguida, passam em um aparelho, chamado de citômetro de fluxo, capaz de identificar e separar as células de acordo com o grau de fluorescência emitida”, afirma a médica veterinária.
Rosecler destaca que as principais vantagens para o produtor que utiliza sêmen sexado em seus animais é, principalmente, no que diz respeito aos ganhos genéticos, redução de tempo de seleção e direcionamento nos testes de progênie. “O sêmen sexado é uma biotecnologia recente que ainda se encontra em fase de estudo e aperfeiçoamento, mas tem demonstrado efetividade no seu uso desde que seja manipulado de forma correta, com pessoal capacitado e depositado no momento mais próximo da ovulação para garantir uma fertilização mais eficiente.”
Contudo, esta tecnologia também tem algumas limitações, como o custo mais elevado, decorrente do lento processo de produção, e, comparando o sêmen sexado com o sêmen convencional, o primeiro tem obtido resultados de taxa de prenhez inferiores ao último.
Rosecler atualmente reside em Roque Gonzales e é associada da Unitec desde 1996, quando tornou-se instrutora do Senar-RS. Aposentada no serviço público municipal, continua na ativa como professora da Escola Estadual Técnica Guaramano, em Guarani das Missões, e instrutora do Senar na área de gado leiteiro. Ministro cursos de inseminação artificial pelo Senar-RS desde 2007 na Escola Estadual Técnica Guaramano. Neste ano, ela completa 15 anos de curso, que só foi interrompido no período da pandemia.
“Em 15 anos formamos mais de 2.160 inseminadores. Nosso objetivo como formador profissional rural sempre foi colocar no mercado inseminadores capacitados e comprometidos com a técnica. Independentemente se usar sêmen sexado ou sêmen convencional, 50% do sucesso da inseminação depende da mão de obra, fator que ainda é um dos limitante da expansão da inseminação artificial no Brasil”, finaliza Rosecler.
Texto: Assessoria de comunicação Unitec
Jaqueline Peripolli / Jornalista MTE 16.999
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